A
partir de outubro, nova regra da ANTT estipula que todos
os pagamentos de cargas sejam feitos por meios eletrônicos.
Do
mês que vem em diante, os pagamentos de fretes a
motoristas de caminhão deverão ser feitos
por meios eletrônicos de pagamento, como cartões
de crédito ou débito. A nova regra é
da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
e está movimentando as empresas de cartões
e bancos, de olho em um mercado estimado entre R$ 60 bilhões
a R$ 80 bilhões por ano, a maior parte movimentada
de maneira informal.
A ANTT, que editou a resolução em abril,
já habilitou quatro empresas para operar como administradoras
de meios eletrônicos de pagamento: Repom, Roadcard,
GPS Logística e Gerenciamento de Riscos e a Dbtrans.
Para operar no segmento, algumas delas estão buscando
parcerias com bancos e bandeiras de cartões.
BENEFICIADOS
Regra formaliza caminhoneiros.
Na
avaliação das pessoas que acompanham o setor
de logística, a grande vitória com a nova
legislação é justamente dos caminhoneiros,
que agora poderão comprovar renda e não
ficarão mais reféns dos postos de combustíveis
para ter acesso ao seu pagamento. Com a mudança,
espera-se inclusive que fique mais fácil para esses
profissionais obterem financiamento no mercado financeiro
para comprar novos veículos. As estimativas apontam
a existência de um milhão de caminhoneiros
no Brasil.
Além do pagamento com cartão, a ANTT também
dá a opção do recebimento do frete
por meio de débito em conta. Muitos caminhoneiros
não têm conta bancária e, por isso,
a formalização desse mercado deve trazer
muitas dessas pessoas para os bancos.
De acordo com dados da própria ANTT, a frota média
de caminhões no Brasil é de 16,4 anos, mas,
entre os autônomos, chega a 21,7 anos. A dificuldade
em comprovar renda sempre foi apontada como grande empecilho
para renovar a frota de caminhões do país.
(AE)
O objetivo da ANTT é formalizar o mercado de transporte
rodoviário. Hoje, os caminhoneiros recebem como
pagamento pelo transporte de cargas a chamada carta-frete,
um papel informal, que não é fiscalizado
pelo governo, mas é adotado há mais de 50
anos. Na maioria das vezes, é trocado em postos
de combustíveis nas rodovias, com deságio,
por dinheiro. Também é comum os postos condicionarem
a troca a um porcentual de consumo no próprio estabelecimento,
que às vezes chega a 30% do valor total da carta.
É um mercado novo que se abre para o setor
de cartões, com volumes enormes de recursos,
avalia Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo,
empresa que faz cadastramentos do comércio para
as bandeiras de cartões.
A Repom atua no pagamento de frete por cartões
há dez anos, mas para atender às novas regras
da ANTT está se reestruturando. Até o final
do mês, a empresa deve anunciar uma parceria com
uma bandeira internacional de cartões. O objetivo
é aumentar a rede de aceitação de
seu cartão (já usado por 400 mil caminhoneiros)
e movimentar R$ 3 bilhões este ano, 30% a mais
que em 2010, conta Rubens Naves, presidente da empresa.
A
GPS Logística (detentora da marca Pamcary) atuará
nesse mercado em parceria com a Roadcard. Segundo o presidente
da GPS, Ricardo Miranda, desde 2004 a companhia oferece
ao mercado um cartão para o pagamento de frete,
o Pamcard (com bandeira Visa e emissão pelo Bradesco),
que deve crescer 30% com a exigência da ANTT.
TAXAS
Estima-se que as empresas de cartões cobrarão
uma taxa entre 1% e 2% sobre os valores depositados nos
cartões. Essa taxa será paga pelas empresas
que contratam o frete (transportadoras e embarcadoras).
Não haverá custo algum para os caminhoneiros.
No caso do financiamento, a presença dos bancos
será importante para fornecer capital de giro para
as empresas do setor. O pagamento do frete ao motorista
de caminhão com um cartão gera um descasamento
de prazos para a transportadora ou embarcadora. Com a
carta-frete, isso não ocorria, pois a carta tinha
uma data para ser convertida em dinheiro. Com o cartão,
o dinheiro precisa estar disponível imediatamente,
caso seja usado na função débito.
Fonte:
GRISTEC - SETCEB - Circular 513 - 12/Setembro/2011